sexta-feira, 15 de junho de 2012



Material Pedagógico Aplicado no Projeto Interdisciplinar de História e Arte.

 Um pouco de Folclore:

            O termo folclore foi criado por um pesquisador de cultura europeia, William John Thoms, publicando um artigo em 1846 com titulo Folk-lore. A palavra folclore surgiu a partir dos vocábulos “folk” que significa povo, e “lore”, que significa conhecimento/saber, portanto, este termo tem como significado conhecimento/saber popular ou sabedoria de um povo.
            Florestan Fernandes, em seu texto “O Folclore em Questão", discorre que “o folclore propunha estudar os modos de ser, de pensar e de agir peculiares ao “povo”, por meio de fatos de natureza ergológica”, e que também, são preservados pela tradição de uma cultura. No entanto, o folclore é o conjunto dos costumes, das crenças, tradições, superstições, etc., de um povo, onde são repassados para todas as gerações. Todavia, os mitos, lendas, provérbios, linguagem, vestimentas, brincadeiras, adivinhas, trava-línguas, orações e entre muitos outros, que fazem parte dos costumes de uma sociedade regada com sua cultura.
            Contudo, o folclore contribui para a identidade de um povo, onde estes compreendem seu mundo, ou seja, sua cultura e atribuições em que vive. Enfim, compreende-se que todas as modalidades existentes e diferentes desenvolvidas dentro de uma cultura, só podem ser realmente explicados através da própria cultura.
O folclore pode ser dividido tanto em lendas quanto em mitos. Entretanto, as lendas são estórias contadas pelas pessoas, misturando fatos reais e históricos, com acontecimentos criados pela fantasia. Portanto, através das lendas, explica-se os acontecimentos misteriosos e sobrenaturais ocorridos numa sociedade, assim, sendo transmitidas principalmente de forma oral, de tempos em tempos e de geração para geração.
            Muitas são as lendas do folclore brasileiro, entre elas as mais conhecidas são: lenda do lobisomem, do Saci-Pererê, Caboclinho da Mata, Boto cor-de-rosa, Rasga Mortalha, Curupira, Boitatá, e entre muitas outras. No entanto, nenhuma delas são comprovadas cientificamente, mas muitas delas são frutos da imaginação das pessoas que a criaram, principalmente dos moradores do interior do Brasil, assim, sendo inventadas para transmitir mensagens importantes, como a do Caboclinho da mata, que não aceita desperdícios ou maus tratos com a natureza, surrando e castigando aos que desobedecem,  todavia, são  criadas ainda, com intenção somente de assustar as pessoas.
            Portanto, escolhi abordar a lenda folclórica brasileira, em especial, a lenda do boto cor-de-rosa, por ser uma lenda típica da região amazônica, e ainda, por ser uma lenda muito conhecida e contada dentro de nossa sociedade, ademais, sendo uma lenda que faz parte da nossa identidade cultural. São muitas as estórias que se contam sobre o boto, os mistérios relacionados a este, fala-se que o boto não gosta de ser vaiado, e que a pessoa que atira em um boto fica com remorso como que se tivesse atirado em uma pessoa muito amada, enfim, dentre muitas outras que podem ser identificadas dentro de nossa cultura popular.

A lenda do boto cor-de-rosa:

            O boto cor de rosa é um famoso mamífero aquático que habita nas águas doces das bacias amazônicas, sendo muito semelhante aos golfinhos, que vive nas águas salgadas do mar. No mais, muito popular na Região Norte do Brasil, a lenda do “boto cor de rosa” é mais uma crença que o povo ribeirinho da Amazônia costumava contar, passando de geração para geração.
            Portanto, diz a lenda que durante as festas juninas, em noites de lua cheia,  quando são comemorados os aniversários de São João, Santo Antonio e São Pedro, a população ribeirinha da região amazônica celebra estas festas dançando quadrilha, soltando fogos de artifício, fazendo fogueiras e degustando alimentos típicos da região.
            Reza a lenda, que nestas festas, em noites de lua cheia, o boto cor-de-rosa sai do rio transformando-se em um jovem elegante e belo, beberrão e bom dançarino, muito bem vestido trajando roupas, chapéu e calçados brancos. O chapéu é utilizado para ocultar (já que a transformação não é completa) um grande orifício no alto da cabeça, feito para o boto respirar, e que o caracterizam como peixe. É graças a este fato que, durante as festividades de junho, quando aparece um rapaz usando chapéu, as pessoas lhe pedem para que ele o retire no intuito de se certificarem de que não é o boto que ali está.
            A tradição amazônica diz que o boto carrega uma espada presa ao seu cinto, mas que, no fim da madrugada, quando é chegada a hora de ele voltar ao leito do rio, é possível observar que todos seus acessórios são, na verdade, outros habitantes do rio. A espada é um poraquê (peixe-elétrico), o chapéu é uma arraia e, finalmente, o cinto e os sapatos são outros dois diferentes tipos de peixes.
            Este desconhecido e atraente rapaz conquista com facilidade a mais bela e desacompanhada jovem que cruzar seu caminho e, em seguida, dança com ela a noite toda, usando de sua grande habilidade como dançarino, logo a seduz, a guia até o fundo do rio, onde, por vezes, a engravida e a abandona antes do amanhecer, pois seu encantamento só dura durante a noite, e o galante rapaz volta a sua forma de peixe e retorna para as águas dos rios. Por conta disso, as jovens eram alertadas por mulheres mais velhas para terem cuidado com os galanteios de homens muito bonitos durante as festas, tudo pra evitar ser seduzida pelo infalível boto e a possibilidade de tornar-se, por exemplo, uma mãe solteira e, assim, virar motivo de fofocas ou zombarias.
            O boto ou Uauiara, também é conhecido por ser uma espécie de protetor das mulheres, cujas embarcações naufragam. Muitas pessoas dizem que, em tais situações, o boto aparece empurrando as mulheres para as margens do rio, a fim de evitar que elas se afoguem, as intenções disso até hoje não são muito conhecidas… Na cultura popular do norte do Brasil, essa lenda era muito usada antigamente, para justificativa das moças que apareciam grávidas enquanto solteiras, ou geravam filhos fora do casamento e não conheciam o pai. Assim, diziam que foram encantadas pelo boto, e ao nascer, as crianças recebiam o apelido de filho do boto.




Poética Artística a ser utilizada: Assemblage: 

A assemblage é uma produção artística realizada com colagens, onde reúne objetos organizados espacialmente em uma superfície. Assim, são utilizados objetos ou materiais do cotidiano, onde todos podem ser introduzidos em uma produção artística.  No mais, este trabalho apresenta a ligação entre a arte e a vida cotidiana, e representa o rompimento definitivo das fronteiras existentes entre ambas, já que houve ruptura já posta em prática no movimento dadaísta, experimentado por Marcel Duchamp, com sua produção ready-made, dentre outros artistas.
            A assemblage é baseada no princípio que todo e qualquer material pode ser incorporado a uma obra de arte, e mesmo estando ligado a novas situações, continuam com seu aspecto original, porém, com a justaposição dos elementos constituindo a obra. São inúmeros os elementos que podem ser usados nessa linguagem de expressão, como figuras, embalagens, arames, borrachas, madeira, e outros, entretanto, a colagem liberta o artista de certas limitações da superfície, ajudando-o a desenvolver e manifestar seus sentimentos e ideias que podem ser incorporados com objetos opcionais dentro da produção.
            Compreende-se que a assemblage é uma linguagem de expressão que dialoga com nosso tempo e espaço social, pois oferece combinações de elementos e formas, colhidos da natureza, assim, demonstrando o contexto social e o período em que está inserido.

Artistas que trabalham com a linguagem assemblage: 

            O brasileiro Farnese de Andrade Neto é uma das referências de artistas que trabalham com a técnica artística assemblage, usando em suas obras composições e formatos distintos, sendo criativo e transformando objetos descartados e coletados, como detritos vindo do mar, bonecos e restos de madeira em arte, etc., expressando seus sentimentos e dando significados nas suas obras.
            Farnese de Andrade trata de temas bem significantes em suas obras, como a dualidade entre a vida e a morte, outros, antagônicos como o feminino e o masculino e suas dessemelhanças. Enfim, expressando em algumas de suas obras, temas espalhados em sua própria cultura, seu cotidiano, sendo que sua vida, também é tema de seu próprio trabalho.





Temos também a artista americana Bety Irene Saar, conhecida por seus trabalhos no campo da assemblage, suas obras revelam um pouco da sua mesclada história, representando através da arte, suas lembranças íntimas, do contexto e do povo que conheceu e se relacionou, no entanto, sendo fonte de inspiração para a artista.
Seus trabalhos foram inicialmente produzidos com objetos dispostos dentro de caixas ou janelas, com itens de desenho em várias culturas, refletindo a própria herança: africana, irlandesa, nativos americanos e crioulo.
No entanto, colecionou imagens de Tom Tio, Tia Jemina, Little Black Sambo e outras figuras inalteráveis, assim, incorporando em colagens e assemblagens, com caráter em declarações e protestos político e social. Experimentou também, rituais e objetos tribais da África em suas obras, fez também, montagens pessoais e íntimas, incorporando lembranças nostálgicas de vida da sua tia-avó, onde utilizou fotos, medalhões, flores secas e muitos outros objetos que faziam parte do cotidiano da mesma, explorou ainda, a relação entre tecnologia e espiritualidade, fazendo instalações, incorporando seus interesses no misticismo e voodoo.




Referências Bibliográficas:

ENCICLOPÉDIA Itaú Cultura.
Assemblagem. Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=325. Acessado em 21 de abril 2012.

 Folclore. Disponível em: http://folcloreportaldoprofessor.wordpress.com/. Acessado dia 21 de abril de 2012.

“O Folclore em Questão”, de Florestan Fernandes, pág. 05, ano 2003.
 
InfoEscola: Navegando e Aprendendo. Disponível em: http://www.infoescola.com/redacao/mito-ou-lenda/. Acessado dia 22 de abril de 2012.
 Lendas. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/o_que_e/lenda.htm. Acessado dia 22 de abril de 2012.

Libertação de Jemima, 1972. Disponível em: http://www.cfa.arizona.edu/are476/files/saar.htm. Acessado dia 14 de maio de 2012.

 “Mater”, 1990. Disponível em: http://1.bp.blogspot.com/_rop1iRvt9y4/S4xSxHweWsI/AAAAAAAAAK0/fGCdjQDO5W0/s320/mater+net.jpg. Acessado em 13 de maio de 2012.
O que é uma lenda? Disponível em: http://www.trasosmontes.com/alexandreparafita/content/view/15/33/. Acessado dia 22 de abril de 2012.                

Revista Museu: Cultura levada a sério. Farnese de Andrade Neto- Expo e catálogo no CCBB/SP. Disponível em: http://www.revistamuseu.com.br/galeria.asp?id=5910. Acessado dia 23 de abril de 2012.

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